Esta iniciativa representa uma resposta estratégica à crescente digitalização dos pagamentos e visa complementar o dinheiro físico, garantindo que os cidadãos continuem a ter acesso a uma forma de moeda pública e segura na era digital.

O projeto, que agora entra numa fase preparatória, culminará numa potencial emissão em 2029, dependendo da aprovação da legislação necessária pelo Parlamento Europeu, prevista para 2026.

O euro digital será uma versão eletrónica da moeda única, com o mesmo valor que as notas e moedas físicas, e poderá ser utilizado para pagamentos online e offline em toda a zona euro. A presidente do BCE, Christine Lagarde, sublinhou a importância simbólica da iniciativa, afirmando que “o euro, nossa moeda comum, é um símbolo da confiança na unidade europeia”.

O comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, saudou a decisão como uma “oportunidade estratégica”.

Contudo, a consciencialização pública permanece baixa; um inquérito da DECO PROteste revelou que apenas 10% dos adultos portugueses sabem o que é o euro digital, e os consumidores valorizam sobretudo a simplicidade, segurança e privacidade. Um estudo da SDA Bocconi em colaboração com a Revolut sugere que o modelo atual do BCE pode ser melhorado, indicando que os cidadãos preferem alternativas como um “Dinheiro Digital” totalmente público ou um “Euro Token” baseado em blockchain.

O projeto acarreta custos significativos, estimados em 1,3 mil milhões de euros até à primeira emissão e 320 milhões de euros anuais em custos operacionais.

A empresa portuguesa Feedzai está envolvida na segurança do projeto, que Nuno Sebastião, o seu CEO, considera um “comboio que não pára”. Piero Cipollone, do BCE, destacou os benefícios, afirmando que o euro digital “reforçará a resiliência do cenário de pagamentos na Europa, reduzirá os custos para os comerciantes e criará uma plataforma para que empresas privadas inovem”.