A iniciativa, que não substituirá o dinheiro físico mas o complementará, enfrenta debates sobre o seu modelo de implementação e a sua relevância para os cidadãos. O euro digital é projetado para ser uma forma de dinheiro eletrónico emitida pelo BCE, com o mesmo valor que as notas e moedas físicas, e utilizável para pagamentos online e offline em toda a zona euro.

O seu objetivo principal é preservar o papel da moeda do banco central num mundo cada vez mais digitalizado.

Contudo, a perceção pública em Portugal é baixa, com um inquérito da DECO PROteste a revelar que apenas 10% dos adultos sabem do que se trata.

Os consumidores portugueses priorizam a facilidade de utilização, a segurança, a privacidade e o acesso universal e gratuito.

Um estudo da SDA Bocconi e da Revolut, com mais de 17 mil europeus, corrobora esta visão, concluindo que o modelo atual do BCE “pode ser melhorado para ser mais relevante para os consumidores”.

A investigação sugere que modelos alternativos, como um “Dinheiro Digital” gerido inteiramente pelo BCE ou um “Euro Token” baseado em blockchain pública e integrado no ecossistema de criptomoedas, geram maior interesse. Stefano Caselli, da SDA Bocconi, descreve o projeto como um “teste à soberania monetária europeia na era digital”.

Neste contexto, o unicórnio português Feedzai estabeleceu uma parceria com o BCE para garantir a segurança do euro digital, embora tenha sido obrigado a alojar os dados em França, abandonando a sua parceria com a Amazon, uma decisão que o seu CEO, Nuno Sebastião, considera um reflexo do “provincianismo” europeu. Apesar disso, Sebastião vê o euro digital como um “comboio que não pára”.