No entanto, o seu desenvolvimento enfrenta desafios técnicos e de soberania, além de gerar preocupações no setor bancário sobre o seu potencial impacto na liquidez e rentabilidade.
A iniciativa do euro digital, apesar de estratégica, revela-se complexa e de longo prazo, com um caminho marcado por deliberações técnicas e políticas. Definido como uma versão eletrónica do euro emitida pelo BCE, o euro digital teria o mesmo valor que as notas e moedas físicas e seria válido em toda a zona euro.
Contudo, a consciencialização pública sobre o projeto é extremamente baixa; um inquérito da DECO PROteste revelou que apenas 10% dos adultos portugueses sabem do que se trata.
As expectativas dos consumidores para um novo meio de pagamento digital centram-se na simplicidade, segurança, privacidade e universalidade, preferencialmente de forma gratuita.
No desenvolvimento do projeto, o BCE tem demonstrado uma preocupação com a soberania tecnológica europeia, tendo selecionado o unicórnio português Feedzai para garantir a segurança do sistema, ao mesmo tempo que rejeitou a participação de gigantes tecnológicos dos EUA.
Nuno Sebastião, da Feedzai, descreve o projeto como um “comboio que não pára”, indicando o seu ímpeto inevitável.
No entanto, o setor bancário tradicional manifesta apreensão.
Paulo Macedo, CEO da Caixa Geral de Depósitos, alertou para a necessidade de “medir os prós e os contras”, sublinhando a importância de que o euro digital “não se traduza numa transferência de liquidez e de rentabilidade dos bancos”. Esta preocupação reflete o receio de uma desintermediação bancária, caso os cidadãos prefiram deter os seus fundos diretamente no banco central.
O cronograma do projeto foi, entretanto, adiado, com a sua implementação prevista agora para 2029, o que evidencia a complexidade dos desafios a superar.














