A falta de supervisão nestes setores é vista como uma ameaça à estabilidade e à concorrência leal no sistema financeiro. Miguel Maya, CEO do BCP, destacou a necessidade de os supervisores atuarem sobre entidades que operam fora do sistema financeiro tradicional, referindo-se especificamente a “muitos atividades nos pagamentos, através da utilização de criptomoedas digitais, toda esta componente que está fora da supervisão (...) mas que contamina o sistema financeiro”. A sua principal preocupação reside na falta de um “level playing field” (condições de concorrência equitativas) e nos riscos para a resiliência do sistema, uma vez que estes operadores não supervisionados podem introduzir vulnerabilidades.

Este sentimento é partilhado ao mais alto nível pelo BCE.

O vice-presidente da instituição, Luis de Guindos, identificou a “banca em sombra” — entidades financeiras que operam fora da supervisão direta — como uma das três principais ameaças à estabilidade financeira na zona euro. De Guindos alertou que, embora este setor seja ainda menor que a banca tradicional, o seu “crescimento sustentado, aliado ao apalancamento, opacidade e complexas interconexões, pode ser o fator chave que transforma uma crise localizada numa sistémica”.

A crescente interligação entre os bancos regulados e estas entidades não bancárias aumenta a vulnerabilidade do sistema financeiro a choques, tornando a regulação destes novos atores uma prioridade para garantir a estabilidade global.