Esta transição marca o fim da dicotomia entre a banca e o ecossistema cripto, focando-se agora na utilidade, segurança jurídica e integração em larga escala. O ano de 2025 foi caracterizado como o período em que a “infraestrutura interna” do sistema financeiro europeu foi reconfigurada, superando a dicotomia entre a banca tradicional e o universo cripto.

Segundo a plataforma de ativos digitais Bit2Me, ultrapassou-se “o ruído das flutuações diárias de preços para nos focarmos na eficiência operacional e na segurança jurídica”.

A plena operacionalização do enquadramento regulatório MiCA é vista como o principal motor desta transformação, proporcionando a clareza necessária para a adoção institucional.

A vice-presidente da Mastercard Western Europe, Elena Martinez, corrobora esta visão, apontando o aumento da “relevância de cripto e blockchain, assente na nova regulamentação (como o MiCA)”.

Esta maturidade regulatória fomenta a convergência, com os bancos a encararem as empresas do setor como “parceiros tecnológicos indispensáveis e não como concorrentes”.

Para 2026, antecipam-se dois principais vetores de crescimento: a tokenização de Ativos do Mundo Real (RWA), que visa transferir ativos como dívida corporativa e imobiliário para infraestruturas blockchain para aumentar a liquidez, e a expansão das stablecoins reguladas como um padrão para liquidações e gestão de tesouraria. As stablecoins, em particular, deixaram de ser meros instrumentos de trading para se afirmarem como infraestruturas eficientes de liquidez global. O grande desafio futuro não é tecnológico, mas sim de experiência do utilizador, caminhando para um conceito de “invisibilidade”, onde a complexidade técnica é abstraída do utilizador final.

O foco passará da especulação sobre o preço dos tokens para a “utilidade de um sistema financeiro mais eficiente”, marcando a entrada numa “Primavera Institucional” onde os ativos digitais serão utilizados com naturalidade.