Crédito à Habitação Acelera para o Ritmo Mais Rápido Desde a Crise de 2008

O volume de crédito à habitação em Portugal registou em junho a maior taxa de crescimento anual desde agosto de 2008, com uma subida homóloga de 7,3%. Este aumento reflete a crescente procura por casa própria, impulsionada por fatores como a descida das taxas de juro e a implementação de medidas governamentais, como a garantia pública para jovens na aquisição da primeira casa. O stock total de empréstimos para habitação atingiu os 106,3 mil milhões de euros, um aumento de 1,5 mil milhões face a maio, demonstrando uma dinâmica que supera a média da Zona Euro. No entanto, este crescimento acentuado acende sinais de alerta sobre o crescente endividamento das famílias portuguesas. O especialista da DECO-PROteste, Nuno Rico, adverte para os riscos futuros, especialmente para os jovens que contraem empréstimos de montantes elevados. “Qualquer subida que vá acontecer nos próximos meses, mesmo que pequena, terá um impacto significativo nas prestações”, frisou. A preocupação é agravada pelo facto de muitas famílias estarem a contratar crédito no limite da sua taxa de esforço, com o montante médio dos novos contratos a rondar os 157 mil euros. A combinação de um elevado endividamento com uma potencial estagnação económica ou subida dos juros no futuro pode colocar muitas famílias, em particular as mais jovens e com rendimentos menos estáveis, “com a corda na garganta”.

Partilhar

Em resumo

A forte aceleração do crédito à habitação, impulsionada por juros mais baixos e apoios estatais, evidencia uma procura robusta, mas aumenta significativamente o risco de sobre-endividamento das famílias, especialmente dos jovens, perante futuras flutuações económicas.