O relatório, que analisa 28 cidades europeias, conclui que o rácio entre a renda e o salário em Lisboa atinge os 116%, o que significa que um trabalhador com um rendimento médio ficaria com um saldo negativo de 202 euros após pagar a renda de um T1. Esta situação contrasta drasticamente com outras capitais europeias, como Genebra (29%), Zurique (35%) e Berlim (40%), onde a habitação consome uma fatia consideravelmente menor do rendimento. A análise do portal imobiliário Idealista corrobora esta realidade, indicando que a renda mediana em Lisboa se fixou nos 22,2 €/m², um dos valores mais elevados do Sul da Europa, a par de Barcelona e Milão. Esta inacessibilidade extrema não só expulsa a classe média e os jovens do centro da cidade, como também ameaça a sustentabilidade económica e social de Lisboa, dificultando a atração e retenção de talento. A situação evidencia um desfasamento profundo entre o custo de vida e os salários praticados, colocando uma pressão insustentável sobre os orçamentos familiares e tornando o direito à habitação uma miragem para muitos lisboetas.
