A principal preocupação manifestada pelos banqueiros reside no profundo desequilíbrio entre a procura e a oferta de imóveis, que consideram ser a causa fundamental para a contínua escalada dos preços. Segundo os responsáveis, a procura é "muitíssimo maior" do que a oferta disponível, um cenário que, na sua perspetiva, inevitavelmente continuará a pressionar os valores de mercado para cima. Esta análise do setor financeiro sublinha que, sem um aumento significativo na construção e na disponibilização de novas habitações, a crise arrisca-se a agravar-se.
Para além do diagnóstico, os líderes bancários teceram críticas implícitas a algumas das medidas recentes do Governo.
A garantia pública para o crédito à habitação para jovens, embora reconhecida como uma ajuda para uma faixa da população, foi apontada como um fator que, ao estimular ainda mais a procura, acaba por colocar "ainda mais pressão na subida dos preços das casas".
Pedro Castro e Almeida, presidente do Santander Totta, utilizou a metáfora de um "lençol curto para poder tapar muitos problemas", reconhecendo que a medida, apesar de permitir a compra de casa a jovens que de outra forma não teriam essa oportunidade, pode, paradoxalmente, piorar o problema geral se os preços continuarem a subir. A visão partilhada pelo setor é que a solução para a crise não passa por medidas que apenas fomentem a procura, mas sim por políticas estruturais que ataquem a raiz do problema: a escassez de oferta de habitação no mercado.