De acordo com dados da Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ), entre janeiro e maio foram emitidos 659 títulos de desocupação do locado, um aumento significativo que reflete a crescente dificuldade das famílias em suportar os custos da habitação. Embora o número de novos procedimentos especiais de despejo tenha diminuído ligeiramente (6%) para 1.107, a concretização das ordens de desocupação acelerou.
Este fenómeno é atribuído, em parte, às alterações ao Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU) no âmbito do pacote Mais Habitação, que simplificaram e aceleraram os processos de despejo.
Pedro Ventura, presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL), citado em várias publicações, confirma um "aumento muito significativo dos despejos por dificuldades com o pagamento da renda".
O responsável alerta que esta crise está a levar à "criação de bairros de barracas na Área Metropolitana de Lisboa" e a um "aumento significativo da sobrelotação de casas", descrevendo uma "situação dramática que está a ganhar uma dimensão muito assustadora". A preocupação é que os números oficiais não reflitam a totalidade do problema, uma vez que muitos casos de arrendamento não declarado e não renovação de contratos não entram nas estatísticas, mascarando uma realidade potencialmente ainda mais grave.