O rendimento real das famílias portuguesas registou a maior queda entre os países da OCDE no primeiro trimestre do ano, com um recuo de 4,5%. Este dado agrava significativamente a crise de acessibilidade à habitação, diminuindo o poder de compra e a capacidade das famílias para suportar os crescentes custos com a casa. De acordo com os dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a contração de 4,5% no rendimento real per capita em Portugal contrasta fortemente com a média da organização, que registou um ligeiro crescimento de 0,1%. A OCDE atribui esta quebra acentuada em Portugal “principalmente devido ao aumento dos impostos a pagar”, que se seguiu a uma queda no trimestre anterior resultante de alterações no regime tributário.
Esta volatilidade fiscal, combinada com a inflação, tem erodido o poder de compra das famílias.
A situação é particularmente preocupante no contexto da crise habitacional.
Com menos rendimento disponível, a capacidade das famílias para pagar rendas, que continuam a subir, ou para contrair um crédito à habitação torna-se cada vez mais limitada. Este cenário de perda de poder de compra é um fator estrutural que intensifica a crise, tornando a habitação inacessível não apenas para os mais desfavorecidos, mas também para a classe média, que vê a sua taxa de esforço com a casa aumentar de forma insustentável. A liderança de Portugal nesta queda de rendimento entre os países desenvolvidos sublinha a fragilidade económica das famílias e a urgência de políticas que abordem simultaneamente os salários e o custo da habitação.
Em resumoNo primeiro trimestre de 2025, Portugal registou a maior queda (-4,5%) no rendimento real das famílias entre os países da OCDE, principalmente devido a um aumento dos impostos. Esta quebra no poder de compra agrava a crise da habitação, dificultando o acesso das famílias a rendas e à compra de casa.