A situação está a levar a uma diminuição no número de candidatos, levantando preocupações sobre a equidade e o futuro da educação superior no país. O aprofundamento da crise habitacional está a ter um impacto direto e mensurável no sistema de ensino superior. O ano de 2025 registou uma queda de nove mil inscritos na primeira fase do concurso nacional de acesso, um número apenas comparável ao de 2018.
Representantes estudantis apontam o custo do alojamento como um dos principais fatores dissuasores.
De acordo com o Observatório do Alojamento Estudantil, um quarto em Lisboa custa, em média, 500 euros mensais, enquanto no Porto o valor ronda os 400 euros.
Estes valores representam um encargo financeiro insuportável para muitas famílias, especialmente as de classe média, que não beneficiam de apoios sociais diretos.
Francisco Porto Fernandes, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), alerta que estas famílias se veem “asfixiadas financeiramente”.
A oferta pública de alojamento é manifestamente insuficiente para a procura. Em Lisboa, por exemplo, existem cerca de 2.700 camas públicas para um universo de aproximadamente 50.000 estudantes deslocados. O Plano Nacional de Alojamento para o Ensino Superior, que previa a criação de 19.000 camas até 2026, regista atrasos significativos, tendo apenas cerca de 2.500 sido concluídas. Esta escassez obriga os estudantes a uma busca antecipada e desesperada por alojamento, meses antes de saberem os resultados das colocações, como confirma Pedro Neto Monteiro, presidente da Federação Académica de Lisboa (FAL).














