O parque de habitação pública representa apenas 2% do total de fogos, um valor muito inferior à média europeia de 8%. As análises de especialistas indicam que as atuais políticas de habitação são insuficientes para responder à dimensão do problema. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) prevê a disponibilização de 59.000 casas até 2030, mas Avelino Oliveira alerta que a maioria desta meta (75%) corresponde à reabilitação de bairros sociais já existentes, e não à criação de nova oferta. “Na realidade, das 59.000 casas apenas um quarto, isto é, cerca de 14.000 é que são efetivamente habitação nova”, afirma.

Para o presidente da Ordem dos Arquitetos, o país deveria ambicionar atingir uma meta de 5% de habitação pública para conseguir regular o mercado. A advogada Patrícia Barão, vice-presidente da APEMIP, corrobora a gravidade da situação, descrevendo o tema da habitação como “um flagelo”.

Aponta a falta de uma estrutura de *built-to-rent* (construção para arrendar) como uma falha crítica no mercado.

Apesar do cenário, surgem novos projetos residenciais, como o “Project Horizon” no Prior Velho, com 800 apartamentos, o “Arcaya” em Vilamoura, com 76 moradias, e o “SER Santa Eulália Residences” em Vialonga, com 82 unidades, que visam aumentar a oferta, embora focados em segmentos de mercado específicos.