Em Lisboa, por exemplo, existem cerca de 50.000 estudantes deslocados para apenas 2.700 camas em residências públicas. Embora o governo preveja a conclusão de obras que adicionarão mais de duas mil camas à rede nacional até setembro, o total de 19.000 camas contratualizadas a nível nacional continua a ser inadequado. A falta de oferta no mercado privado é igualmente alarmante, com pouco mais de 2.600 quartos disponíveis em Lisboa a um mês do início do ano letivo. Esta escassez obriga os estudantes a procurarem alojamento com meses de antecedência, muitas vezes antes mesmo de saberem os resultados das colocações. Programas como o Porta 65 Jovem revelam-se ineficazes para a maioria, pois excluem quem arrenda quartos sem contrato ou quem ainda apresenta a declaração de IRS com os pais.

A situação está a transformar o ensino superior, que deveria ser um “elevador social”, num “reprodutor das desigualdades preexistentes”, como afirmam os representantes dos estudantes.