A medida, que já beneficiou mais de 40 mil jovens, foi desenhada para facilitar o acesso à propriedade, mas os dados indicam que pode ter exacerbado os problemas que pretendia resolver.

Segundo uma análise do portal Idealista, a procura por casas até 324.058 euros — o limite para a isenção total dos impostos — disparou 67% no último ano.

Em contrapartida, a oferta de imóveis nesta faixa de preço caiu 32%, resultando num stock de apenas 90.502 habitações disponíveis no trimestre terminado em julho. A dinâmica é semelhante, embora menos pronunciada, no segmento de isenção parcial (entre 324 mil e 648 mil euros), onde a procura cresceu 45% e a oferta diminuiu 4%.

O aumento do interesse foi particularmente notório em cidades como Coimbra e Leiria, onde a procura duplicou, e em Lisboa e Porto, com subidas de 96% e 55%, respetivamente.

Esta pressão intensificada sobre um mercado já com pouca oferta contribuiu para a contínua valorização dos imóveis, com os preços a subirem 8,5% em julho face ao ano anterior. A situação ilustra um dilema de política pública: uma medida de apoio à procura, sem um aumento correspondente da oferta, acaba por alimentar a espiral de preços, o que pode anular os benefícios fiscais concedidos e manter a habitação inacessível para muitos dos jovens que pretendia apoiar.