A crise da habitação tornou-se um campo de batalha político central, com o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, a apresentar um pacote de propostas ao primeiro-ministro, enquanto figuras do governo, como Carlos Moedas, defendem as suas próprias iniciativas e criticam o legado socialista. Numa carta enviada a Luís Montenegro, José Luís Carneiro detalhou um conjunto de oito eixos de atuação para responder à crise. As propostas do PS incluem o reforço de parcerias entre o Estado, autarquias, cooperativas e privados, a criação de um "novo cluster industrial da construção" focado em métodos inovadores como a construção modular para obter "soluções mais rápidas, económicas e de qualidade", e o reforço financeiro dos programas de apoio ao arrendamento existentes. Carneiro sublinhou ainda a necessidade de aumentar o parque público de habitação a custos acessíveis e de alargar a Bolsa Nacional de Alojamento Urgente.
Esta iniciativa do líder da oposição visa posicionar o PS como uma força construtiva, mas também serve para marcar distâncias em relação à atuação do Executivo da AD.
Em contraponto, o atual presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, recandidato pela coligação de direita, rejeita as críticas ao seu mandato, afirmando que a sua gestão contrasta fortemente com a do seu antecessor socialista, Fernando Medina.
Moedas declarou: "Medina deixou 256 casas em construção.
Eu abri 2.744 e estou a fazer mais 750".
Este confronto de números e propostas evidencia que a habitação é um tema fraturante e central no debate político, tanto a nível nacional como local, com as eleições autárquicas a servirem de palco para a apresentação de visões distintas sobre como resolver uma das maiores emergências sociais do país.