Este aumento, que reflete a inflação dos últimos 12 meses sem habitação, representa uma pressão adicional sobre o orçamento das famílias portuguesas, num contexto já marcado pela crise habitacional.

O potencial aumento das rendas para o ano de 2026, embora refletindo uma inflação mais contida em comparação com anos anteriores, surge num momento particularmente sensível para o mercado de arrendamento em Portugal. O coeficiente de atualização é calculado com base na variação média do Índice de Preços no Consumidor (IPC) sem habitação, registada nos 12 meses anteriores a agosto. O valor de 2,16% apurado em julho serve de principal indicador para a atualização que será legalmente permitida aos senhorios. Esta subida, ainda que moderada, soma-se a um cenário de contínua escalada dos custos de vida e a uma crise de acessibilidade à habitação que afeta grande parte da população. Para muitas famílias, um aumento de 2,2% representa um esforço financeiro significativo, especialmente para aquelas com rendimentos mais baixos ou que residem nos grandes centros urbanos, onde os valores das rendas já atingiram níveis históricos.

A notícia reaviva o debate sobre a necessidade de políticas públicas que equilibrem os interesses de inquilinos e proprietários, nomeadamente através da regulação do mercado, do reforço dos apoios ao arrendamento e do aumento da oferta de habitação pública e a custos controlados. A ausência de medidas governamentais para travar ou mitigar esta atualização, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, coloca os inquilinos numa posição de maior vulnerabilidade, dependendo unicamente da negociação individual com os senhorios para evitar a aplicação do aumento máximo permitido por lei.