Esta proeminência reflete a crescente dificuldade, especialmente dos jovens, em aceder a uma habitação digna, transformando um problema económico numa questão de coesão social e estabilidade futura.

A centralidade do tema é visível nas propostas das estruturas jovens dos principais partidos.

A Juventude Socialista defende um aumento significativo da oferta pública para 10% do total de habitações, enquanto o Bloco de Esquerda propõe a implementação de um teto para as rendas.

Em contraste, a Iniciativa Liberal aposta na construção em larga escala e na liberalização do arrendamento, e o Juntos Pelo Povo sugere um programa de construção com arrendamento a custos controlados.

Esta diversidade de abordagens espelha a complexidade do desafio e a falta de consenso sobre as soluções.

A crise manifesta-se de forma aguda a nível local, como em Lagos, onde um relatório municipal aponta para "1.590 agregados familiares" sem habitação, um problema agravado pela "pressão turística e a especulação imobiliária", segundo o vereador da CDU, Alexandre Nunes.

A situação impulsiona as campanhas autárquicas, como a do candidato do BE em Ovar, que promete a construção de 400 casas para arrendamento acessível. A gravidade da situação levou a que o CEO da Century 21 Portugal, Ricardo Sousa, defendesse a necessidade de um "pacto de Estado" para a habitação, sublinhando a urgência de uma resposta coordenada e estrutural que transcenda as disputas partidárias.