Esta "revolução milionária" está a redesenhar a paisagem e a economia local, atraindo investidores internacionais e compradores de alto rendimento, ao mesmo tempo que gera debate sobre o seu impacto social e ambiental.

A região da Comporta, descrita como a "Comporta 2.0", é o epicentro deste fenómeno, com empreendimentos de promotores como a Discovery Land e a Amorim Luxury, onde os preços atingem valores galopantes.

Segundo Maria Empis, da imobiliária JLL, na região "não há empreendimento que se venda [...] por menos de 8000 euros" o metro quadrado.

Este dinamismo é visto como positivo para a zona, pois "tem impacto em todas as vendas na Comporta, porque depois há outros que são atraídos".

Mais a sul, Sines acompanha a tendência, impulsionada pelo crescimento industrial e tecnológico.

A empresa Soccal & Vaz anunciou um investimento de 50 milhões de euros em três projetos residenciais, totalizando mais de 400 apartamentos com preços entre 220 mil e 380 mil euros. A estes junta-se o projeto "Lumin", da Admar SCR, com um investimento de 10 milhões de euros.

Esta expansão, contudo, não está isenta de controvérsia.

O autarca de Grândola, António Mendes, reconhece que "um ou dois promotores procuram restringir o acesso das pessoas à praia", uma questão que levou a Agência Portuguesa do Ambiente a intervir para garantir a natureza pública dos acessos. Por sua vez, Miguel Guedes de Carvalho, da Amorim Luxury, defende que o que "falta é coragem política, visão estratégica e uma gestão pública articulada" para criar infraestruturas como acessos e estacionamentos públicos.