Este paradoxo é explicado pela forte e incessante valorização dos preços dos imóveis, que anula o alívio proporcionado pelos juros mais baixos e mantém a pressão financeira sobre os agregados familiares.

De acordo com os dados do INE para o mês de julho, apesar de a taxa de juro implícita ter caído pelo 18.º mês consecutivo, a prestação média mensal manteve-se nos 394 euros, um valor idêntico ao do mês anterior.

A razão para esta estagnação reside no aumento do capital médio em dívida, que subiu 593 euros para 72.270 euros no total dos contratos. Este valor é ainda mais expressivo nos contratos celebrados nos últimos três meses, onde o montante médio em dívida ascendeu a 159.553 euros, um aumento de mais de 2.200 euros face a junho.

Isto significa que, para comprar casa, os novos mutuários são obrigados a contrair empréstimos significativamente mais elevados devido à escalada dos preços, o que faz com que, mesmo com juros mais baixos, o valor da prestação não diminua. Desta forma, o benefício da política monetária mais acomodatícia do BCE não chega, na prática, a aliviar o encargo mensal das famílias com a habitação.