A Imobiliária Construtora Grão-Pará, a empresa há mais tempo cotada na bolsa de Lisboa, apresentou-se à insolvência após anos de resultados negativos e inatividade comercial. A decisão, aprovada em assembleia geral de acionistas em 23 de julho, marca o fim de um percurso histórico no setor imobiliário português. Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa formalizou o pedido de insolvência junto do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa. A decisão foi justificada pela acumulação de resultados negativos ao longo dos últimos 15 anos, com a exceção de 2024, ano em que um lucro de 617.724,43 euros foi registado devido a uma reversão de imparidade.
A empresa, que já foi proprietária do Autódromo do Estoril e detém terrenos no Algarve e perto do aeroporto da Madeira, não tinha qualquer exploração ou atividade comercial há vários anos, não gerando proventos.
A sua subsistência dependia de empréstimos contraídos pelo administrador Abel Pinheiro e seus familiares, que ascendiam a mais de 1,5 milhões de euros.
A situação da empresa era também marcada por um longo litígio com o Governo da Madeira a propósito de terrenos nas imediações do aeroporto do Funchal. A administração já vinha alertando que a viabilidade da empresa dependia do desfecho destas ações judiciais.
Em resumoA insolvência da histórica Imobiliária Grão-Pará, motivada por uma longa inatividade comercial e prejuízos acumulados, reflete as dificuldades e transformações no setor imobiliário nacional, culminando no fim da empresa com mais longevidade na bolsa portuguesa.