Os politécnicos, em particular, alertam para uma "litoralização crescente do ensino superior" que ameaça a sua sustentabilidade e a coesão do território.
Os dados da primeira fase do Concurso Nacional de Acesso são claros: enquanto as universidades perderam em média 6% de colocados, nos politécnicos a quebra foi de 20%, com a taxa de colocação a fixar-se nos 63%. A situação é particularmente grave em instituições do interior, onde a redução de alunos ultrapassa os 21%.
Exemplos como os politécnicos da Guarda (-46,7%), Tomar (-44,8%) e Santarém (-43,1%) ilustram a dimensão do problema.
Maria José Fernandes, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), sublinha que estes resultados não surpreendem e que a sustentabilidade destas instituições está "posta em causa".
Para além do impacto das novas regras de acesso, que desvalorizam o percurso no secundário, os "custos elevados com alojamento" são um fator determinante. Muitos jovens, especialmente de contextos desfavorecidos, são dissuadidos de concorrer para instituições longe de casa devido à impossibilidade de suportar os custos de uma segunda habitação, mesmo que os preços no interior sejam comparativamente mais baixos que no litoral. Esta realidade compromete o papel dos politécnicos na formação superior e na coesão territorial, levando o CCISP a apelar a uma revisão urgente das regras de acesso e à criação de incentivos à fixação de alunos no interior.













