A dinâmica do crédito à habitação e o crescente endividamento das famílias portuguesas continuam a ser um tema central no panorama económico nacional, refletindo tanto as dificuldades de acesso à compra de casa como a pressão financeira sobre os agregados. Dados recentes mostram uma ligeira descida nas taxas de juro, mas um aumento contínuo do endividamento global. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de juro média no crédito à habitação desceu para 3,385% em julho, um alívio para as famílias com empréstimos. No entanto, o Banco de Portugal (BdP) revela que o endividamento total da economia atingiu um novo recorde de 847 mil milhões de euros no primeiro semestre de 2025. O setor privado, composto por famílias e empresas, foi responsável por um aumento de 13,2 mil milhões de euros, com o crédito à habitação a destacar-se, acrescentando 5,1 mil milhões à dívida acumulada.
Este aumento do endividamento das famílias para habitação subiu pela 19.ª vez consecutiva em termos anuais, atingindo o crescimento mais elevado desde 2008.
A procura por financiamento estende-se também a novas tipologias de construção, com um aumento notório no pedido de crédito para casas pré-fabricadas. Perante a complexidade e os riscos associados a um compromisso financeiro de longo prazo, o BdP emitiu recomendações para quem assume o papel de fiador, alertando para as responsabilidades e implicações legais, como a possibilidade de a instituição de crédito exigir diretamente ao fiador o pagamento da dívida em caso de incumprimento.
Em resumoApesar de uma ligeira descida nas taxas de juro, o endividamento das famílias portuguesas com crédito à habitação continua a crescer para níveis recorde. Esta tendência sublinha a forte dependência do financiamento bancário para aceder a uma casa e a crescente pressão financeira sobre os orçamentos familiares, exigindo uma gestão prudente e uma maior literacia financeira por parte dos consumidores.