Esta situação representa uma barreira significativa ao acesso ao ensino superior e acentua as desigualdades sociais.

O problema é estrutural, com apenas cerca de 19 mil camas em residências públicas para mais de 100 mil estudantes deslocados.

Esta escassez empurra a esmagadora maioria para o mercado de arrendamento privado, onde a procura por um quarto se tornou uma autêntica "selva".

Segundo o Observatório do Alojamento Estudantil, o preço médio de um quarto a nível nacional atinge os 415 euros. A situação é particularmente grave em Lisboa, onde o valor médio sobe para 500 euros, com casos a chegarem aos 714 euros, um montante que, como salienta o presidente da Federação Académica de Lisboa, representa "mais de metade do salário mínimo nacional". No Porto, a média ronda os 400 euros, enquanto em cidades como Évora atinge os 400 euros e em Coimbra, apesar de preços mais baixos, regista-se uma "deterioração na quantidade" de oferta. O presidente da Associação Académica de Coimbra, Carlos Magalhães, confirma esta tendência de diminuição da disponibilidade. A crise habitacional é tão severa que o Observatório reporta situações de arrendamento de marquises adaptadas a quartos e divisões com excesso de camas. Este cenário de preços proibitivos e condições precárias não só impõe um fardo financeiro insustentável às famílias, como se torna um fator dissuasor para muitos jovens que ponderam prosseguir os estudos longe da sua área de residência.