Este aumento da dívida reflete a pressão que a escalada dos preços dos imóveis exerce sobre o orçamento familiar, obrigando a um maior recurso ao financiamento bancário.

Dados do Banco de Portugal revelam que o endividamento do setor não financeiro, que inclui administrações públicas, empresas e famílias, alcançou um recorde de 839,1 mil milhões de euros em maio, e subiu para 847 mil milhões no final do primeiro semestre de 2025. O crescimento mais expressivo verificou-se no setor privado, onde as famílias aumentaram a sua dívida em sete mil milhões de euros nos primeiros seis meses do ano. Deste valor, 5,1 mil milhões de euros correspondem a crédito à habitação, evidenciando o esforço financeiro para a aquisição de casa própria.

A taxa de crescimento homóloga da dívida das famílias fixou-se em 6,1% em maio, a mais elevada desde o início da série estatística em 2008, e subiu para 6,7% em junho, o que assinala uma aceleração contínua. Em termos relativos, a dívida total do setor não financeiro passou de 285,7% para 289,6% do Produto Interno Bruto (PIB), indicando que o endividamento está a crescer a um ritmo superior ao da própria economia. Este cenário de crescente alavancagem financeira, particularmente no crédito hipotecário, expõe as famílias a maiores riscos em caso de instabilidade económica ou subida das taxas de juro, tornando a gestão da dívida um desafio central para a estabilidade financeira do país.