Os proprietários de imóveis em Portugal mostram-se disponíveis para aumentar a oferta de alojamento para arrendamento, mas exigem incentivos fiscais e garantias do Estado como contrapartida. Um inquérito da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) revela que o receio de danos nos imóveis e o incumprimento são as principais barreiras, sugerindo que a solução para a escassez de oferta passa por um novo pacto de confiança com os senhorios. Os resultados do inquérito, realizado a cerca de 10.000 associados da ALP, são claros: a esmagadora maioria (87%) considera que a existência de benefícios fiscais, nomeadamente em sede de IRS e IMI, seria o maior incentivo para disponibilizar imóveis a estudantes e outros inquilinos. A possibilidade de contratos mais curtos e flexíveis é a principal motivação para 51% dos proprietários que ponderam arrendar a estudantes. No entanto, o receio de danos no imóvel é a maior barreira para 49% dos inquiridos.
Para mitigar os riscos, 42% defendem a criação de garantias públicas do Estado contra o incumprimento contratual como uma medida eficaz para estimular a oferta. A associação propõe ainda o alargamento do valor da caução, atualmente limitado por lei, para cobrir de forma mais eficaz eventuais danos. Luís Menezes Leitão, presidente da ALP, sublinha o papel “essencial” dos proprietários privados na disponibilização de alojamento, especialmente para estudantes, dado que Portugal tem apenas cerca de 15 mil camas públicas para meio milhão de estudantes. Segundo o mesmo, “valorizar e apoiar o contributo destes proprietários é uma condição indispensável para garantir oportunidades de estudo a todos os jovens”.
Os resultados sugerem que há margem para aumentar a oferta no mercado de arrendamento, mas tal depende da criação de um enquadramento que ofereça mais segurança e vantagens fiscais aos senhorios.
Em resumoUm inquérito da Associação Lisbonense de Proprietários revela que os senhorios estão dispostos a colocar mais casas no mercado de arrendamento, mas consideram essenciais incentivos fiscais (87%) e garantias do Estado contra o incumprimento (42%). O receio de danos no imóvel continua a ser a principal barreira para aumentar a oferta.