O mercado de alojamento para estudantes em Portugal revela um desequilíbrio profundo entre a oferta e a procura, apesar de um aumento no número de camas disponíveis. Um estudo da consultora Cushman & Wakefield indica que Lisboa e Porto registaram um crescimento de 8,5% na oferta no último ano, totalizando cerca de 1.500 novas unidades, mas a taxa de cobertura (rácio cama/estudante) permanece muito abaixo da média europeia de 12%. Outro estudo, da Worx Real Estate Consultants, é ainda mais pessimista, apontando uma taxa de cobertura nacional de apenas 8%, que, mesmo ajustada, não ultrapassa os 22%, significando que menos de um quarto dos estudantes consegue vaga em residências.
Esta escassez estrutural impulsiona uma subida acentuada das rendas, que deverão aumentar em média 9% no próximo ano letivo em Lisboa e no Porto.
A situação é particularmente crítica na cidade do Porto, onde os custos elevados forçam muitos estudantes a permanecer em casa dos pais e a enfrentar longas deslocações diárias.
A crescente procura internacional, motivada pelo prestígio das universidades portuguesas, agrava a pressão sobre o mercado.
A maioria da nova oferta provém de projetos privados, com preços significativamente mais elevados do que os das residências públicas.
Em Lisboa, um estúdio privado pode custar entre 650 e 1.500 euros mensais, valores inacessíveis para muitas famílias.
A situação agrava-se com o fracasso de algumas iniciativas públicas, como a residência universitária prevista no PRR para Évora, que não avançará por falta de acordo para a cedência do imóvel. Como medida de mitigação, o Turismo de Portugal anunciou um novo apoio financeiro para o alojamento de alunos da sua rede de escolas.
Em resumoA oferta de alojamento estudantil em Portugal cresceu, mas a um ritmo insuficiente para responder à procura, resultando em taxas de cobertura muito baixas e um aumento contínuo das rendas. A escassez de vagas públicas e o fracasso de projetos financiados pelo PRR agravam a crise, forçando muitos estudantes a procurar alternativas precárias ou a desistir de estudar fora da sua área de residência.