A Câmara Municipal de Loures prossegue com o seu plano de demolição de construções precárias no Bairro do Talude Militar, gerando um clima de tensão com os moradores e ativistas pelo direito à habitação. Após uma primeira operação em julho, que resultou na demolição de dezenas de casas, a autarquia identificou mais seis estruturas que foram reerguidas e notificou os ocupantes para desocuparem o espaço, abrindo caminho para novas demolições. Em resposta, os moradores visados, com o apoio do Movimento Vida Justa, interpuseram uma providência cautelar para impedir judicialmente os trabalhos. Kedy Santos, ativista do movimento, afirmou que esta é uma forma de as famílias se protegerem, tal como aconteceu em ocasiões anteriores.
A Câmara de Loures, por sua vez, declarou não ter sido ainda notificada de qualquer decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa.
A autarquia alega que as construções foram erguidas por ocupantes que já tinham sido alvo de intervenção e que uma das famílias já tinha recebido apoio económico para arrendamento, uma afirmação que o Movimento Vida Justa classifica como “uma mentira”. Segundo Kedy Santos, as famílias que estão a reerguer as suas habitações são as mesmas que têm vivido em tendas desde as últimas demolições e enfrentam enormes dificuldades em encontrar alternativas no mercado de arrendamento com os valores de apoio oferecidos pela câmara, que considera insuficientes. Este impasse evidencia o conflito entre a política de erradicação de construções ilegais e a crise de habitação que afeta as populações mais vulneráveis.
Em resumoA situação no Bairro do Talude, em Loures, permanece tensa, com a autarquia a planear novas demolições de construções precárias e os moradores a recorrerem aos tribunais para as impedir. O conflito expõe a dificuldade em conciliar as políticas de ordenamento do território com a necessidade urgente de soluções habitacionais para famílias em situação de vulnerabilidade.