A crise de habitação tornou-se um tema central nas campanhas para as próximas eleições autárquicas, com vários candidatos a apresentarem propostas concretas para aumentar a oferta de arrendamento acessível e reabilitar o parque habitacional. Em Guimarães, o candidato da coligação PSD/CDS, Ricardo Araújo, comprometeu-se a lançar um Plano de Habitação Acessível para Jovens e Classe Média, que prevê a construção de 500 novas casas a custos controlados e a simplificação dos processos de licenciamento. Na Amadora, a candidata do PSD, Suzana Garcia, gerou polémica ao anunciar um plano para a “erradicação da Cova da Moura”, afirmando ter um programa articulado com o Ministério das Infraestruturas e Habitação.
O Governo, no entanto, veio a público negar a existência de qualquer acordo, o que levou a candidata a esclarecer que se tratava de uma iniciativa exclusiva da sua candidatura.
Em Lisboa, o debate centra-se na utilização do património municipal devoluto.
A Câmara Municipal anunciou a reabilitação de um edifício em Arroios, desocupado desde 2015 e que foi alvo de uma ocupação por ativistas em 2017, para o integrar na bolsa de renda acessível, com a criação de seis apartamentos. O projeto será candidatado a financiamento do PRR, com a previsão de que os primeiros inquilinos entrem em 2028.
Estas iniciativas, embora de âmbito local, refletem a crescente pressão sobre os autarcas para apresentarem soluções concretas para um dos problemas mais prementes do país.
Em resumoA habitação acessível é uma promessa central nas campanhas autárquicas, com candidatos a proporem desde a construção de novas casas a custos controlados até à reabilitação de património público. Contudo, a polémica em torno do plano para a Cova da Moura e a negação de acordos pelo Governo mostram que a concretização de grandes projetos urbanísticos depende de uma complexa articulação entre o poder local e central.