A crise habitacional atinge a sua forma mais extrema na proliferação de bairros de barracas na Área Metropolitana de Lisboa, onde milhares de pessoas vivem em condições precárias. Estes assentamentos, como o de Penajóia em Almada, refletem uma falha sistémica no acesso à habitação digna para trabalhadores com baixos rendimentos. Em concelhos como Almada, Amadora, Loures e Seixal, os bairros de lata são uma realidade crescente, habitados maioritariamente por trabalhadores jovens, muitos a receber o salário mínimo, que não conseguem aceder ao mercado formal de arrendamento. O bairro de Penajóia, em Almada, é apontado como o maior da região, com uma população estimada em mil habitantes, um crescimento exponencial face aos 400 registados no ano anterior.
As condições de vida são extremamente débeis, sem acesso a água canalizada, eletricidade ou saneamento básico.
A iluminação pública é inexistente e as ruas são de terra batida, onde o lixo se acumula, uma vez que os serviços municipais não entram no bairro.
A situação força os moradores a recorrer a soluções informais e, por vezes, ilegais, como "puxadas" de eletricidade ou a compra de água em garrafões, alimentando um mercado paralelo.
A candidata do PSD à Amadora, Suzana Garcia, denunciou que neste concelho há "barracas a serem alugadas por 500€", um valor que espelha o desespero e a exploração.
Em contraste, o município de Setúbal demoliu o seu último bairro de lata em 2023, planeando construir habitação pública nos terrenos.
A persistência e expansão destes bairros na periferia de Lisboa evidenciam a incapacidade das políticas públicas em fornecer alternativas habitacionais viáveis para uma população trabalhadora essencial.
Em resumoA expansão dos bairros de barracas na Grande Lisboa é o rosto mais visível da crise habitacional, afetando milhares de trabalhadores com baixos salários. A falta de infraestruturas básicas e a precariedade extrema nestes assentamentos, como o de Penajóia, exigem uma resposta urgente e integrada que vá além de demolições pontuais.