O caso evidencia a falta de alternativas habitacionais para as famílias em situação de vulnerabilidade e a complexidade da intervenção do poder local. A Câmara Municipal de Loures planeava demolir seis "edificações recentes e ilegais", argumentando a necessidade de "reposição da legalidade e a defesa da saúde e segurança coletivas".

Segundo a autarquia, algumas das famílias visadas já tinham sido alvo de demolições anteriores e recebido apoio económico, mas acabaram por regressar ao bairro.

No entanto, o movimento Vida Justa e os moradores contestam esta versão, afirmando que as soluções oferecidas pela câmara não são viáveis. Kedy Santos, ativista do movimento, explicou que o apoio para caução e primeira renda é insuficiente face aos preços do mercado de arrendamento e que as famílias, com os seus baixos rendimentos, não teriam capacidade para suportar as rendas nos meses seguintes.

A situação levou os moradores a construir abrigos improvisados, como tendas, após as demolições anteriores.

A suspensão judicial das demolições coloca em evidência a tensão entre a aplicação da lei e a ausência de respostas habitacionais adequadas.

A autarquia de Loures lamentou a decisão, mas garantiu que a cumpriria, solicitando, ao mesmo tempo, uma reunião urgente com o primeiro-ministro para encontrar uma resposta articulada, sublinhando que o problema da habitação "é nacional e não pode continuar a ser deixado exclusivamente às câmaras".