Esta precariedade económica adia a autonomia e a constituição de família, tornando a compra ou o arrendamento de uma casa uma meta quase inatingível para uma geração qualificada. De acordo com dados do Eurostat de 2022, o salário médio bruto anual dos trabalhadores portugueses com menos de 30 anos, ajustado ao poder de compra, corresponde a apenas 71% da média europeia, posicionando Portugal como o terceiro pior país da UE neste indicador. Esta realidade tem consequências diretas na capacidade de poupança e de contrair empréstimos.

A dificuldade em reunir o valor de entrada para um crédito à habitação é um dos principais entraves, problema que o Governo tentou mitigar com a criação da garantia pública para financiamento a 100%.

No entanto, mesmo com este apoio, os baixos rendimentos mensais limitam o montante que os jovens podem pedir emprestado, devido às regras da taxa de esforço impostas pelo Banco de Portugal.

A situação é agravada pela contínua subida dos preços das casas e das rendas, que evoluem a um ritmo muito superior ao dos salários.

Este desfasamento cria um ciclo vicioso: os jovens não conseguem sair de casa dos pais, adiam projetos de vida e, em muitos casos, a emigração torna-se a única alternativa viável para encontrar condições de vida dignas, contribuindo para a fuga de talentos qualificados.