A escassez de oferta pública e a pressão do mercado de arrendamento estão a tornar-se uma barreira significativa para milhares de jovens deslocados, que enfrentam dificuldades em encontrar uma solução habitacional acessível. Dados do Observatório do Alojamento Estudantil indicam que o preço médio de um quarto em Portugal é de 415 euros, mas nas cidades mais procuradas os valores são substancialmente mais altos. Em Lisboa, a média atinge os 500 euros, enquanto no Porto e em Ponta Delgada ronda os 400 euros. Em cidades como Braga, tornou-se praticamente impossível encontrar um quarto por menos de 350 euros mensais, frequentemente em condições precárias e sem contrato de arrendamento.
Para muitos estudantes, as residências universitárias públicas são a única alternativa viável, mas a oferta é manifestamente insuficiente para a procura.
Esta situação tem levado a um aumento do número de alunos a desistir de frequentar o ensino superior fora da sua área de residência, como alertam associações de estudantes. A problemática já entrou na agenda política, com a Iniciativa Liberal a questionar o Governo sobre o número exato de vagas disponíveis em residências públicas.
A Ordem dos Arquitetos, por sua vez, defendeu a criação de um alívio fiscal em sede de IRS para os pais dos estudantes, de modo a incentivar o arrendamento formal, e a aplicação de multas pesadas a senhorios que não emitam recibos. A situação reflete um desfasamento profundo entre os custos do alojamento e a capacidade financeira das famílias, transformando o direito à educação numa questão de privilégio económico.













