O alojamento surge como o principal fator desta disparidade, constituindo uma barreira crítica ao acesso e frequência do ensino superior. O relatório de avaliação do sistema de ação social no ensino superior, realizado por investigadores da Universidade Nova de Lisboa, quantifica o peso do alojamento no orçamento dos estudantes. Na Área Metropolitana de Lisboa, a situação é mais grave, com a diferença de custos a atingir os 349 euros mensais e o arrendamento de um quarto a ultrapassar, em média, os 370 euros.

O estudo aponta que 16 das 23 instituições de ensino superior inquiridas identificaram a dificuldade em encontrar casa como o maior constrangimento à frequência dos seus cursos.

Embora o apoio ao alojamento para alunos bolseiros vá ser alargado a outros estudantes com rendimentos mais baixos, o relatório alerta para a “dificuldade prática que é arranjar recibos que comprovem um contrato de arrendamento, num mercado de alojamento sobrecarregado e favorável ao funcionamento à margem da regulamentação fiscal”. A análise sugere que os montantes das bolsas de ação social sejam adequados à variação regional do custo de vida.

Esta pressão financeira não só dificulta o acesso ao ensino superior como também impacta o bem-estar e o desempenho académico dos alunos, tornando a crise da habitação um problema central também para o setor da educação.