O Governo aprovou um conjunto de medidas de apoio à reconstrução de habitações destruídas pelos incêndios de verão, mas a exclusão de emigrantes está a gerar controvérsia. O Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) acusa o executivo de discriminação e de violar o princípio da igualdade, uma vez que o apoio se destina apenas a habitações de “residência principal e habitual”. Numa carta enviada ao primeiro-ministro, o CCP considera que o Decreto-Lei n.º 98-A/25, de 24 de agosto, é inconstitucional por criar uma “diferenciação entre portugueses que detêm os mesmos direitos fundamentais, independentemente do local de residência”.
O órgão consultivo defende que a exclusão dos emigrantes, cujas casas em Portugal foram igualmente consumidas pelas chamas, configura uma “violação dos princípios de igualdade” e da “promoção da coesão nacional”.
O CCP sugere que o critério de residência seja eliminado e que se estabeleçam “critérios alternativos e inclusivos”. A polémica estende-se a nível local, com o município de Aljustrel a acusar o Governo de “discriminação” por a resolução abranger apenas os incêndios ocorridos entre 26 de julho e 27 de agosto, deixando de fora os fogos que devastaram mais de 1200 hectares no concelho. A autarquia de Aljustrel pede a revisão da decisão para que os lesados do seu território possam também ser abrangidos pelos apoios, repondo a justiça no processo.
Em resumoA definição de critérios para os apoios à reconstrução de casas ardidas está a ser contestada por discriminar emigrantes e por limitar temporalmente a sua aplicação. Tanto o Conselho das Comunidades Portuguesas como autarquias locais exigem uma revisão da legislação para garantir um tratamento equitativo a todos os cidadãos afetados.