A crise no alojamento estudantil em Portugal agrava-se, com a oferta pública a ser manifestamente insuficiente para a crescente procura, deixando milhares de estudantes da classe média sem alternativas acessíveis. A rede pública dispõe de apenas cerca de 17.000 camas para mais de 175.000 estudantes deslocados, sendo que a maioria das vagas se destina a bolseiros, o que empurra os restantes para o mercado privado, onde os preços são proibitivos. Dados do Observatório do Alojamento Estudantil revelam que o valor médio de um quarto no país é de 415 euros, mas em Lisboa pode atingir os 714 euros, um encargo insuportável para muitas famílias de rendimentos médios que não têm acesso a apoios sociais. O Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) prevê a criação de 3.600 novas camas, mas a sua conclusão só está prevista para o próximo ano letivo, não resolvendo o problema imediato.
A situação é particularmente crítica para os estudantes que apenas conseguem colocação na segunda ou terceira fase do concurso de acesso, que terminam em setembro, altura em que a procura por alojamento atinge o pico.
A falta de vagas na rede pública e os preços elevados no setor privado estão a tornar-se um fator de exclusão, limitando o acesso ao ensino superior e agravando as desigualdades sociais.
A construção de novas residências, como a do IPBeja com 503 camas, é um passo positivo, mas a escala do problema exige uma resposta mais robusta e urgente.
Em resumoA oferta de alojamento público para estudantes é insuficiente, com apenas 17.000 camas para mais de 175.000 deslocados, excluindo a classe média. Os altos preços no mercado privado, que podem chegar a 714 euros, tornam-se uma barreira ao acesso ao ensino superior, agravando as desigualdades.