O caso, que envolve estudantes a aproveitar as férias para trabalhar na apanha da pera rocha, evidencia as condições de habitação precárias e a exploração laboral a que estão sujeitos os trabalhadores sazonais. Na sequência de uma denúncia, os militares encontraram os 69 cidadãos, com idades entre os 16 e os 24 anos, a pernoitar em tendas e a tratar das suas "questões higienossanitárias no meio da rua".

A maioria é oriunda de países africanos, mas todos possuíam autorização de permanência em Portugal, sendo estudantes do ensino profissional que aproveitavam as férias para obter rendimentos.

Segundo a GNR, os trabalhadores não tinham contrato de trabalho e eram "angariados a custos muito baixos". A comandante da Unidade de Controlo Costeiro e de Fronteiras esclareceu que os jovens não se encontravam em situação de sem-abrigo, mas sim deslocados das suas residências habituais, para as quais regressaram após a intervenção. O proprietário da exploração agrícola foi identificado pelo crime de angariação de mão de obra ilegal e foram levantadas várias contraordenações, incluindo por permanência ilegal e descarga ilegal em linha de água. Este episódio ilustra a intersecção entre a crise da habitação e a exploração laboral, demonstrando como a falta de alojamento temporário digno para trabalhadores sazonais cria um ambiente propício a abusos e condições de vida precárias.