Reabilitação urbana privilegia turismo com conversão de palácios e fábricas em hotéis

Uma tendência crescente de reabilitação urbana em Lisboa e no Porto está a converter edifícios históricos em unidades hoteleiras de luxo, levantando questões sobre o impacto na oferta de habitação residencial. Projetos como a transformação do Palácio da Baronesa em Lisboa e de uma antiga fábrica de chocolate no Porto exemplificam este movimento, financiado em parte por "empréstimos verdes". Em Lisboa, o histórico Palácio da Baronesa, um palacete do século XVI no Largo do Conde Barão, será reconvertido num aparthotel de luxo com 88 unidades de alojamento, restaurante e spa. O projeto é promovido pela cadeia hoteleira holandesa The July e financiado por um empréstimo verde de 29 milhões de euros, no qual o BPI participa com 14,5 milhões.

A conclusão está prevista para o final de 2026.

No Porto, uma antiga fábrica de chocolate na Rua Formosa, perto do Mercado do Bolhão, será demolida, preservando-se a fachada, para dar lugar a um hotel boutique de 43 quartos do grupo Bohopo Hotels.

A construção foi adjudicada à MAP Engenharia.

Ambos os projetos refletem uma forte aposta do mercado imobiliário na reabilitação de património para fins turísticos de gama alta, em detrimento da criação de habitação para os residentes. Esta dinâmica acentua o debate sobre o modelo de desenvolvimento urbano das principais cidades portuguesas, onde a pressão turística contribui para a escassez e o encarecimento da habitação permanente.

Em resumo

A conversão de património histórico em alojamento turístico de luxo em Lisboa e no Porto evidencia a pressão do setor do turismo sobre o imobiliário urbano, contribuindo para o debate sobre a necessidade de políticas que equilibrem o desenvolvimento económico com o direito à habitação.

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