Esta tendência agrava as dificuldades de acesso à habitação para a maioria das famílias portuguesas, tornando a aquisição de casa própria uma meta cada vez mais distante. De acordo com dados recentes, o preço médio de venda de imóveis em Portugal subiu para 426.000 euros em agosto de 2025, um aumento de 15% em termos homólogos. A situação é particularmente crítica no Sul, onde a média atingiu os 450.000 euros, refletindo um crescimento anual de 22%. O distrito de Faro mantém-se como o mais caro do país, com um preço médio de 550.000 euros, seguido por Setúbal, com 450.000 euros. A escalada de preços não se limita ao litoral, com distritos do interior como Beja e Évora a registarem as maiores valorizações anuais, com subidas de 32% e 18%, respetivamente, embora com valores absolutos mais baixos. Este cenário de inflação imobiliária, conjugado com o aumento geral do custo de vida, tem um impacto direto no poder de compra, sendo um dos fatores que levam ao sobre-endividamento e a situações de insolvência pessoal, que têm vindo a aumentar desde 2022. A dificuldade em adquirir habitação própria força muitas famílias, jovens e trabalhadores a permanecerem no mercado de arrendamento, que por sua vez também se encontra sob enorme pressão, ou a adiar projetos de vida, perpetuando um ciclo de instabilidade e precariedade habitacional.