As intervenções de dirigentes e candidatos em Braga e no Porto sublinham uma estratégia focada na intervenção estatal direta para garantir o acesso a uma morada digna, refletindo uma abordagem ideológica clara ao problema. Em Braga, durante uma ação de campanha, a candidata da CDU à Assembleia Municipal, Sandra Cardoso, comprometeu-se com a “exigência de construção de mais habitação pública”, uma ideia reforçada pelo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que defendeu a necessidade de romper com as políticas autárquicas dos últimos anos. No Porto, a candidata à câmara, Diana Ferreira, também da CDU, defendeu a construção de casas de renda “efetivamente acessível”, criticando os preços atualmente praticados na cidade como “não aceitáveis”. Esta ênfase na responsabilidade do Estado como promotor habitacional contrasta com as visões que apostam na liberalização do mercado e na construção privada como solução.

O Bloco de Esquerda também se junta às críticas, com o dirigente Fabian Figueiredo a lamentar que o Orçamento do Estado tenha aprofundado a crise, ignorando recomendações para a aplicação de tetos máximos às rendas. Estas posições consolidam a habitação como um campo de clivagem ideológica nas autárquicas, onde a esquerda defende um Estado mais interventivo e regulador para corrigir as falhas de mercado e assegurar um direito fundamental.