Esta perspetiva agrava-se perante a realidade socioeconómica do país, onde metade da população vive com rendimentos mensais inferiores a 903 euros, tornando a acessibilidade à habitação um desafio cada vez mais crítico.

Os dados definitivos do INE indicam que a variação média do índice de preços nos últimos 12 meses até agosto, excluindo a habitação, foi de 2,24%. Este coeficiente servirá de base para a atualização anual das rendas, ao abrigo do Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU), e representa uma aceleração face à taxa de 2,16% aplicada em 2025.

O valor final será publicado em Diário da República até 30 de outubro, permitindo aos senhorios comunicar o aumento aos inquilinos.

Este aumento legal, contudo, colide com a frágil capacidade financeira de uma grande parte da população. Um estudo do economista Eugénio Rosa revela que, em 2024, 1.761.000 pessoas viviam no limiar da pobreza, com um rendimento inferior a 542 euros por mês, e metade da população portuguesa auferia menos de 903 euros. Esta disparidade entre a evolução das rendas e os rendimentos disponíveis evidencia a crescente dificuldade de acesso a uma habitação condigna, um problema que as propostas autárquicas, como a da CDU no Porto por uma renda “efetivamente acessível”, tentam mitigar.