A crise de acessibilidade está a moldar o mercado imobiliário português, dando origem a novas modalidades de negócio e a um reforço do segmento de luxo para estadias prolongadas. A emergência de anúncios para a venda de frações de apartamentos e a inauguração de 71 novas unidades da Marriott em Lisboa são dois exemplos de como o mercado se está a adaptar a uma procura cada vez mais pressionada. Perante a dificuldade em adquirir uma habitação completa, tem-se tornado cada vez mais comum encontrar nos portais imobiliários anúncios para a venda de “metade de um apartamento”. Esta prática, legalmente designada como venda de parte indivisa de um imóvel, representa uma tentativa de tornar a entrada no mercado de propriedade mais acessível, permitindo a compra de uma fração do imóvel a um custo inferior. Esta tendência reflete a incapacidade de muitos compradores de suportarem os preços totais dos imóveis.
Em contraste, o mercado de luxo para estadias prolongadas continua a expandir-se.
A Marriott prepara-se para inaugurar o Residence Inn by Marriott Lisbon, com 71 suites destinadas a estadias longas, com diárias que podem chegar aos 350 euros na época alta.
Este tipo de empreendimento, destinado a viajantes de negócios, nómadas digitais e turistas com maior poder de compra, aumenta a pressão sobre o mercado de arrendamento tradicional, ao retirar unidades para este segmento mais lucrativo. Estes dois fenómenos ilustram uma crescente polarização no mercado imobiliário, onde, por um lado, se procuram soluções criativas para a falta de acessibilidade e, por outro, se reforça a oferta para um público de elevado rendimento.
Em resumoO mercado imobiliário português está a adaptar-se à crise de acessibilidade com tendências divergentes. Por um lado, a propriedade fracionada, como a venda de 'metade de um apartamento', surge como forma de baixar a barreira de entrada. Por outro, o segmento de estadias de luxo expande-se, com projetos como o novo empreendimento de 71 unidades da Marriott em Lisboa, que atende a uma clientela de gama alta, podendo pressionar ainda mais o mercado de arrendamento convencional.