O setor da construção em Portugal enfrenta um desafio estrutural com a carência de mão de obra, um problema que está a agravar os custos de produção e, consequentemente, a pressionar os preços da habitação. Apesar do crescimento do emprego no setor, que registou um aumento de 23,9 mil trabalhadores em junho de 2025 face ao ano anterior, a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) estima que continuam a faltar cerca de 80 mil profissionais. Esta escassez, especialmente de mão de obra qualificada, está a provocar uma subida acelerada dos salários na fileira da construção, com aumentos homólogos que variaram entre 6,5% e 12,2% ao longo de 2025, segundo dados do INE. Profissões como motoristas de veículos pesados e estucadores registaram os maiores aumentos. Embora os engenheiros civis continuem a ser os mais bem remunerados, com um salário médio de 2.443 euros, a sua subida salarial foi a menor (5%).
Este aumento dos custos laborais reflete-se diretamente no custo final das casas novas, contribuindo para a contínua valorização do mercado imobiliário, onde os preços subiram 8,4% em agosto em termos homólogos.
A situação não é exclusiva de Portugal, com o custo horário da mão de obra na construção a subir 4,7% na zona euro, evidenciando um desafio transversal que trava o aumento da oferta de habitação acessível em toda a Europa.
Em resumoA carência de 80 mil trabalhadores na construção civil em Portugal é um obstáculo estrutural que impulsiona a subida dos salários no setor e, por consequência, agrava os preços da habitação. Este fenómeno, alinhado com a tendência europeia, limita a capacidade de resposta do mercado à crescente procura por novas casas.