Esta clivagem ideológica manifesta-se tanto nas políticas nacionais como nas promessas para as eleições autárquicas, refletindo a ausência de um consenso sobre como resolver um dos problemas mais prementes do país.
O Governo de Luís Montenegro, que considera a habitação uma "pedra de toque" da sua política, tem avançado com medidas que visam estimular a oferta através de mecanismos de mercado. Exemplos disso são o acordo com o Banco Europeu de Investimento para financiar habitação acessível, a alienação de património público e a criação de parcerias público-privadas. Em contrapartida, partidos como o PCP, pela voz de Paulo Raimundo, exigem um "investimento estatal robusto" de pelo menos 1% do PIB para construir e reabilitar habitação pública, argumentando que a solução não pode ser deixada nas mãos da "banca e dos fundos imobiliários". Esta visão é partilhada, em parte, pela candidata socialista à Câmara de Lisboa, Alexandra Leitão, que critica a venda de imóveis do Estado e defende que o município deve intervir como comprador, se necessário, para aumentar o parque habitacional público.
O Chega, por seu lado, aponta a habitação como a área "onde os portugueses mais sentem aquilo que nunca podem sentir", criticando a inação passada.
O debate estende-se ainda à regulação do arrendamento, onde a proposta do Governo para liberalizar as rendas contrasta com a defesa de maior proteção para os inquilinos por parte das associações e partidos de esquerda.













