Este desequilíbrio territorial, que os decisores políticos são acusados de ignorar, tem consequências diretas na crise da habitação, uma vez que a procura se concentra em áreas onde a oferta já é escassa e os preços são mais elevados. Segundo Paulo Machado, presidente da Associação Portuguesa de Demografia, vive-se “um agravamento de uma tendência que vem detrás que é de um país a duas velocidades – um que cresce muito e outro que não só não cresce, como decresce”. Dados do INE para 2024 ilustram esta realidade: enquanto concelhos como Óbidos e Odemira cresceram acima de 9%, outros como Freixo de Espada a Cinta e Barrancos registaram decréscimos superiores a 5%.
A investigadora Maria Filomena Mendes, da Universidade de Évora, destaca que a disponibilidade de “habitação com qualidade e a preços acessíveis” é um dos critérios fundamentais que atraem população.
A falta de políticas públicas concertadas entre o poder central e local para fixar pessoas no interior, através do reforço de serviços, emprego e habitação, é apontada como uma das principais falhas. Os especialistas defendem um maior reforço das competências das comunidades intermunicipais para criar escala e implementar estratégias regionais integradas, que possam contrariar o abandono do interior e aliviar a pressão sobre o litoral.














