A crise de habitação em Portugal é agravada por uma acentuada escassez de oferta, um problema estrutural que afeta tanto os grandes centros como as regiões do interior. Dados recentes indicam uma quebra de 26% no stock de habitação para venda a nível nacional desde 2020, com algumas zonas, como o Alentejo, a registarem quedas ainda mais drásticas. Um estudo baseado em dados do portal imobiliário idealista revela um cenário preocupante para o Alentejo, onde a oferta de casas para venda diminuiu de forma expressiva. Beja destaca-se como a capital de distrito com a maior quebra, registando uma redução de 68% no stock de imóveis disponíveis desde o segundo trimestre de 2018. Évora e Portalegre seguem a mesma tendência, com recuos de 45% e 43%, respetivamente.
Esta contração da oferta não se limita a uma região e é um dos fatores que explicam a contínua pressão sobre os preços. A "pouca oferta" é consistentemente apontada como um dos principais motores da crise, a par da especulação imobiliária e da procura internacional, como referido em vários artigos que analisam os dados do Eurostat sobre a emancipação dos jovens.
A falta de imóveis disponíveis no mercado, seja para venda ou arrendamento, cria um desequilíbrio que beneficia os vendedores e proprietários, tornando o acesso à habitação cada vez mais difícil para a maioria das famílias portuguesas.
As políticas públicas focadas em estimular a procura, sem um aumento correspondente e significativo da oferta, correm o risco de ser insuficientes ou mesmo contraproducentes, alimentando a espiral de preços.
Em resumoA drástica redução da oferta de habitação para venda, com especial incidência em certas regiões, constitui uma barreira estrutural à resolução da crise. Sem um aumento significativo do stock de casas, as políticas focadas apenas na procura dificilmente conseguirão travar a escalada de preços e garantir o acesso à habitação para todos.