Enquanto o executivo defende uma visão de longo prazo, analistas e oposição questionam a eficácia da estratégia atual. Uma análise crítica às medidas governamentais sugere que o foco em apoios à procura, como a isenção de IMT para jovens, pode ter contribuído para o aumento recorde de 17,2% nos preços da habitação no segundo trimestre de 2025, ao não ser acompanhado por um aumento da oferta. A execução do PRR para a habitação é outro ponto de preocupação, com uma taxa global de apenas 40%. A componente de construção de habitação pública a custos acessíveis apresenta uma execução ainda mais baixa, de 25%.

Esta realidade levou a uma recalendarização das metas: o objetivo inicial de 26 mil casas até 2026 foi revisto para 59 mil até 2030, adiando a resposta à crise para lá da atual legislatura.

A oposição, nomeadamente o PCP, critica a opção do Governo por parcerias público-privadas e pela venda de património do Estado, considerando que estas medidas favorecem a especulação. Em resposta, a Secretária de Estado da Habitação, Patrícia Gonçalves Costa, defende que a crise "não se resolve com balões de oxigénio" e requer um "esforço de investimento continuado nos próximos 20 anos para conseguirmos compensar aquilo que não foi feito no passado", reconhecendo a dimensão estrutural do problema e a necessidade de uma estratégia duradoura.