A dificuldade de acesso à habitação em Portugal atingiu níveis críticos, com os preços de compra e arrendamento a subirem de forma acentuada e a colocarem uma pressão crescente sobre as famílias, especialmente os jovens. Este cenário serve de pano de fundo para o intenso debate sobre as políticas governamentais, com dados recentes a confirmarem a gravidade da situação. De acordo com a informação disponível, arrendar uma casa em Portugal custa em média 1.300 euros, um valor que representa um aumento de 4% face ao ano anterior. A situação é particularmente grave nas principais áreas metropolitanas, com Lisboa a registar uma renda média de 1.790 euros e o Porto de 1.100 euros.
A escalada dos custos é corroborada por dados internacionais, que indicam que Portugal foi um dos países da OCDE onde os custos com a habitação mais subiram no segundo trimestre do ano, com um aumento superior a 17%.
Esta crise de acessibilidade tem consequências sociais profundas, nomeadamente na emancipação dos jovens. Um estudo do Eurostat revela que os jovens portugueses saem de casa dos pais, em média, perto dos 29 anos, sendo Portugal o país da OCDE com o acesso mais difícil à habitação para esta faixa etária.
A situação é tão severa que, segundo a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, existem “famílias que, neste momento, trabalham e não conseguem pagar casa. E que, inclusivamente, se encontram em situação de sem abrigo”. A crise é visível no terreno, como demonstrou o confronto de uma cidadã com o Primeiro-Ministro, queixando-se de não ter apoio para pagar uma renda de 520 euros e afirmando: “Não tenho 2.000 euros para arrendar uma casa”.
Em resumoOs dados sobre o mercado de arrendamento e a dificuldade de emancipação dos jovens confirmam a severidade da crise da habitação em Portugal. Com custos a aumentar a um ritmo superior ao dos salários, a acessibilidade torna-se um dos maiores desafios sociais e económicos do país, alimentando o debate sobre a eficácia das respostas políticas.