A pressão turística sobre o mercado imobiliário é apontada como um dos fatores que agravam a dificuldade de acesso à habitação para os residentes. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou para o impacto da atividade turística no custo da habitação, sublinhando que o aumento do poder de compra de estrangeiros que se fixam em Portugal tem “consequências”. Durante a conferência do Dia Mundial do Turismo, o Chefe de Estado afirmou: “É olhar para os indicadores quanto ao custo da habitação ou do terreno para a habitação.

Tudo tem uma vantagem e tem um inconveniente”.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda a importância de se respeitar a “coesão cultural portuguesa”, considerando que só assim o turismo “é bom para todos”.

Esta preocupação é partilhada por vários quadrantes políticos.

O Bloco de Esquerda, por exemplo, acusa o Governo de usar o tema da imigração para desviar as atenções de problemas graves como a saúde e a habitação. Numa ação de campanha, o dirigente bloquista Fabian Figueiredo criticou o facto de, em período eleitoral, o debate se focar na lei de estrangeiros em vez de se discutir “a habitação, onde as medidas anunciadas são um insulto aos portugueses”.

Esta interligação entre turismo, imigração e habitação demonstra a complexidade da crise, que exige respostas integradas e que considerem os múltiplos fatores em jogo.