Simultaneamente, agrava as condições de vida de comunidades vulneráveis, como a cigana, que enfrenta níveis extremos de precariedade habitacional. Em cidades como Leiria e Cascais, candidatos autárquicos alertam para o fenómeno de “expulsão” da classe média. Nuno Violante (CDU) em Leiria mostrou-se preocupado com a classe média “que está a ser expulsa da cidade devido aos preços da habitação”, enquanto em Cascais, o candidato do PS, João Ruivo, afirmou que se sente “que as pessoas estão a ser empurradas para fora de Carcavelos”.

Esta pressão é alimentada pela inadequação dos salários face ao custo de vida, como sublinhou António Lima (BE) em Braga, onde os “salários muito baixos (…) não comportam o pagamento das rendas”.

A situação atinge contornos dramáticos em casos como o de um reformado espanhol de 77 anos, cuja história foi noticiada, que se viu obrigado a voltar a trabalhar porque a sua pensão de 850 euros era quase totalmente consumida por uma renda de 840 euros. Num patamar de extrema vulnerabilidade, um inquérito da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) revelou dados alarmantes sobre a comunidade cigana em Portugal: 95% das crianças vivem em risco de pobreza e 78% da população cigana reside em condições de carência habitacional, como casas húmidas, escuras ou sem saneamento adequado.

Estes dados demonstram como a crise habitacional não só cria novas dificuldades para a classe média, mas também aprofunda a exclusão social de grupos já marginalizados.