Este movimento populacional, impulsionado pela diferença abismal de preços, está a transformar o perfil do concelho e a levantar novos desafios urbanísticos.

Almada tornou-se um refúgio para muitos lisboetas que já não conseguem suportar os custos da capital.

Segundo dados dos Censos de 2021, o concelho foi o que mais recebeu novos residentes vindos de Lisboa no ano anterior, num total de 3.592 pessoas.

A principal motivação é económica: o preço de venda por metro quadrado em Lisboa é quase o dobro do praticado em Almada, onde em 2024 se situava nos 2.503 euros, contra os 4.755 euros na capital.

Os novos residentes, como Rui Braz, de 31 anos, procuram “uma casa melhor, com mais tranquilidade… mas perto de Lisboa”.

Este contabilista, que se mudou em junho, afirma que ao preço que pagou em Almada, teve acesso a “uma área muito maior e também com maior qualidade de construção, porque as casas em Lisboa são antigas”. Este fluxo populacional, que transformou Almada de uma cidade industrial num território residencial para as classes médias, está a aumentar a procura imobiliária no concelho, com agentes imobiliários a alertarem que a oferta pode começar a escassear. O fenómeno levanta questões sobre o futuro de Almada, nomeadamente a sobrecarga de transportes, como a Ponte 25 de Abril que está “sempre saturada”, e a necessidade de os equipamentos públicos acompanharem o crescimento populacional.